Minha História com as Conservas: Uma Jornada de Resgate, Erros e Criação

A história do Clicasim: um antigo caderno de receitas ao lado de um pote de chutney de jabuticaba caseiro, simbolizando o resgate da tradição.

Muitos de vocês me acompanham pelas receitas, mas hoje quero compartilhar a história por trás delas. O Clicasim.com não nasceu de um plano de negócios ou de uma pesquisa de mercado. Ele nasceu do cheiro de papel antigo, da tinta desbotada de um caderno da minha bisavó e de alguns desastres culinários memoráveis.

Minha jornada no mundo das conservas começou com uma herança. Um caderno de capa gasta, com folhas amareladas e uma caligrafia elegante, recheado de anotações nas margens. Era um portal para o passado, um elo direto com o conhecimento de gerações que usavam estas técnicas não como hobby, mas como modo de vida.

Hoje, quero te convidar para essa jornada. Quero mostrar o “porquê” por trás de cada pote, cada técnica e cada sabor que compartilhamos aqui.

O Caderno da Bisavó: Onde Tudo Começou

Redescobrir aquele caderno foi um chamado. Tentar decifrar as receitas, com suas medidas imprecisas (“um punhado disso”, “uma pitada generosa daquilo”), foi um desafio delicioso. A primeira receita que me aventurei a recriar foi uma que parecia ter saído de um livro de contos de fadas ingleses: as Pickled Walnuts (Nozes em Conserva).

O sucesso daquela primeira tentativa, o sabor único e a sensação de resgatar algo que estava perdido no tempo, acendeu uma chama. Eu estava fisgado.

A Lição Mais Dura: Meu Erro (Quase) Perigoso com Óleo e Pimentas

No início, a paixão era maior que a prudência. Mergulhei de cabeça, testando tudo. Foi quando cometi meu erro mais importante. Inspirado por uma “dica” online, mergulhei pimentas frescas e lindas em um azeite caro. O frasco ficou uma obra de arte.

Uma semana depois, a arte começou a parecer sinistra. O óleo ficou turvo, pequenas bolhas subiam lentamente. Meu estômago gelou. Após uma pesquisa frenética, a verdade dolorosa: eu havia criado o ambiente perfeito para o botulismo. A dor de jogar fora aquele lote inteiro foi o que me impulsionou a estudar por meses e, finalmente, a escrever o nosso Guia Definitivo Para Evitar o Risco de Botulismo. Eu jurei que ninguém que lesse o Clicasim passaria pelo mesmo risco.

Da Europa à Amazônia: A Busca por Sabores

Com a ciência como minha aliada, a curiosidade pôde florescer com segurança. Comecei a ver as técnicas não como regras fixas, mas como uma gramática para criar novos sabores.

A elegância de um Chutney de Ruibarbo Vitoriano me fez pensar: e se eu aplicasse essa mesma “gramática” agridoce às nossas frutas? O resultado foi um dos nossos maiores orgulhos, o Chutney de Jabuticaba com Especiarias.

Essa busca me levou a explorar os tesouros do nosso próprio país, resultando em criações que unem técnicas clássicas e ingredientes brasileiros, como a Brandade de Peixe Amazônico.

A Alquimia da Fermentação: A Descoberta dos Sabores Vivos

Minha jornada deu outra virada quando descobri a fermentação. Não era mais apenas sobre preservar; era sobre transformar, sobre criar alimentos vivos, cheios de sabor e probióticos.

O primeiro Kvass de Beterraba que fiz, com seu sabor terroso e efervescência natural, foi uma revelação. Abriu as portas para um novo universo de possibilidades, desde um simples Curtido Salvadorenho até a complexidade da nossa Mostarda Fermentada com Mel e Cerveja Escura.

Essa descoberta foi tão profunda que senti a necessidade de criar um mapa para quem quisesse iniciar essa jornada, o nosso Guia Completo da Fermentação Caseira para Iniciantes.

Clicasim: Nossa Missão é Compartilhar o Conhecimento

E assim chegamos aqui. O Clicasim.com é a soma de todas essas experiências: a herança da minha bisavó, a dura lição da segurança em primeiro lugar, e a alegria da criação.

Nossa missão é compartilhar esse conhecimento de forma honesta e completa, para que você possa encher sua despensa não apenas com comida, mas com histórias, sabores autênticos e a confiança de que está fazendo tudo da maneira certa.

Esta não é apenas a minha história. É a história de todos nós que acreditamos que a comida é mais do que sustento. É cultura, é ciência, é afeto.

Obrigado por fazer parte desta jornada.

Qual é a sua primeira ou mais forte memória afetiva com uma conserva caseira? Compartilhe nos comentários!

Deixe um comentário